Aprenda como mudar a sua programação mental financeira e melhore a sua relação com o dinheiro.
Segundo a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC)O brasil fechou o ano de 2020 com mais de 65% das famílias endividadas.
Esse número oscila com certa frequência, atualmente vem em uma rota crescente, várias situações no cenário nacional e mundial contribuem para esse resultado.
Mas por que existem pessoas que diante dos piores cenários conseguem manter suas finanças equilibradas e outras se mantêm em desequilíbrio financeiro mesmo diante dos melhores cenários e até mesmo fazendo um planejamento financeiro?
A resposta está na forma de relacionamento que essas pessoas estabelecem com o dinheiro, esse relacionamento determinará o resultado financeiro delas, é como uma programação.
A sua programação financeira é responsável pela forma como você pensa sobre o dinheiro e consequentemente pelo seu resultado financeiro.
O que é uma programação
Programação é um conjunto de instruções determinadas por um programador, essas instruções descrevem tarefas a serem realizadas.
Por exemplo, um programa de computador é feito por um programador para a execução de uma determinada tarefa.
Há também equipamentos que são programados pelo usuário, para atender a uma determinada demanda.
Um condicionador de ar pode ser programado, pelo usuário, para manter um ambiente em uma temperatura constante.
Dessa forma quando o ambiente ultrapassa a temperatura definida, o compressor é acionado e quando o ambiente cai abaixo da temperatura programada o compressor é desligado.
Assim a temperatura do ambiente permanecerá sempre aquela que foi definida pelo usuário do condicionador de ar.
Qual é a sua programação financeira?
De certa forma você também foi programado para fazer o que você faz, isso ocorre em todas as áreas da vida, inclusive nas suas finanças, você tem uma programação financeira.
Se as suas finanças estiverem da forma que você sempre quis, se você tem dinheiro suficiente para atender as suas necessidades e se sente realizado financeiramente, está tudo bem.
Isso significa que a sua programação financeira está livre de vírus e atende plenamente as suas necessidades, elas estão congruentes com os seus valores e objetivos.
Porém essa não é a realidade para a maioria das pessoas, caso não seja a sua também, isso ocorre porque há algo errado na sua programação financeira, algo que precisa e pode ser ajustado.
Caso você tenha dúvidas e não saiba se há necessidade de fazer algum ajuste nessa programação, analise os pensamentos que você tem sobre o dinheiro.
Olhe para a importância do dinheiro em sua vida, se você pensa que o dinheiro não é algo tão importante, e o fato de falar sobre dinheiro com alguém lhe traz um certo desconforto, pode ter certeza de que algo precisa ser ajustado.
Se ainda tem dúvidas, olhe para a sua vida financeira, as suas finanças pessoais, da sua família, muito provavelmente a situação não é das melhores.
Você não consegue fazer tudo que você gostaria de fazer porque o dinheiro não é suficiente, não importa o que você faça ou o quanto você ganhe.
Essa situação será sempre a mesma se você não mudar a forma como você se relaciona com o dinheiro.
Muitos acreditam que vivem apertados financeiramente porque ganham pouco, mas isso não tem a ver com o quanto você ganha.
Esse resultado está ligado diretamente ao relacionamento que você tem com o dinheiro, e esse relacionamento é regido pela sua programação financeira.
Como ajustar a programação financeira
A programação que você tem foi feita ao longo da sua vida, no ambiente onde você estava inserido e houve vários programadores, depois de um tempo você passou a ser o principal responsável por essa programação.
Por isso o passo mais importante para essa mudança de programação é a sua vontade, você precisa querer mudar o seu relacionamento com o dinheiro.
Caso contrário você se autossabotará e nada irá mudar, qualquer que seja a estratégia usada, você fará com que não funcione para em seguida, justificar e reforçar, a sua programação pré-existente.
A sua programação é o que você hoje entende como verdade, é o que você acredita, ou seja, são as suas crenças.
Mesmo que não exista nada que comprove essa verdade, você acredita e para você isso já é o suficiente, é verdade e ponto final.
Vale destacar que muitas dessas crenças são possibilitadoras e ajudam você a ser quem você é, lhe fortalecem e lhe ajudam a crescer.
Porém há aquelas que são limitadoras, que lhe impedem de ir além, de ser uma pessoa muito melhor, produzir mais, e isso ocorre em todas as áreas da sua vida e não somente no campo financeiro.
Para mudar o que você tem na vida como verdade sobre o dinheiro é uma tarefa bem simples, porém muito desafiadora e requer muita determinação.
Como sugiram as crenças
As crenças que você possui em relação ao dinheiro foram criadas em três etapas, comunicação, pensamento e sentimento.
Portanto para reescrever a sua programação financeira e assim, redefinir as suas crenças em relação ao dinheiro, você precisa mudar a sua comunicação.
Quando a comunicação muda, o pensamento e o sentimento mudam como consequência.
É a partir da comunicação que surgem os pensamentos, os diálogos internos sobre determinado assunto e consequentemente vem o sentimento.
Por exemplo, você mora em uma cidade tranquila, mas começa a ouvir frequentemente que a cidade está muito perigosa, que há muita violência, é comum que você reflita sobre essa informação que se repete.
Mesmo você nunca tendo presenciado um ato de violência na sua cidade, a tendência é que você sinta um certo receio quando sai de casa.
Nós atraímos para a nossa vida aquilo que pensamos, por isso a tendência é que mais dia menos dia você presencie algum ato de violência.
E por mais simples que seja, será suficiente para você confirmar que de fato sua cidade não é mais como antes, agora ela é uma cidade violenta.
Como mudar a comunicação
Para simplificar, podemos dividir a comunicação em duas partes, comunicação ativa e comunicação passiva.
A comunicação ativa é aquela que você controla, a que você comunica verbalmente, por meio da fisiologia corporal e ainda por meio do seu comportamento.
A comunicação passiva não está sob o seu controle, é quela que você ouve e vê das pessoas no meio onde você vive.
Essa comunicação também vem pelos meios de comunicação que você tem acesso, TV, livros, internet e outros meios que fazem parte da sua vida.
Mesmo que a comunicação passiva não esteja sob o seu controle, porém você filtra essa comunicação e recebe somente o que você considera importante.
Esse filtro existente está diretamente ligado com as suas crenças, você vai ouvir somente o que fizer sentido para você.
Comunicação negativa sobre o dinheiro
Quando a comunicação sobre dinheiro é negativa, ela pode gerar crenças limitadoras e, infelizmente é o que mais ocorre na vida de todos.
Veja algumas frases negativas comumente usadas em relação ao dinheiro:
O dinheiro é o vil metal (vil é algo que não presta, que não tem valor)
Quem é rico não vai para o céu
Dinheiro não traz felicidade
Dinheiro não dá em árvore
Só ganha dinheiro quem tem dinheiro
Quem tem dinheiro é egoísta e arrogante
A lista é bem longa, mas essas frases citadas já exemplificam bem o que muitos pensam sobre o dinheiro, todas elas associam o dinheiro a algo ruim ou a dificuldade em conquistá-lo.
Por exemplo, a frase “dinheiro não traz felicidade”, você pensa, se dinheiro não traz felicidade, dinheiro deve trazer infelicidade.
Se você quer ser feliz, significa que não pode ter dinheiro, porque se tiver dinheiro será infeliz, então entre ter dinheiro e ser feliz, você tende a optar por ser feliz.
Você pode até discordar desse fato e dizer que não pensa dessa forma, pode até ser isso mesmo, mas esses pensamentos ocorrem no subconsciente.
Não é algo racional, você não para e começa a pensar dessa forma, isso acontece sem que você se dê conta.
Por isso é comum que o dinheiro não tenha tanta importância para você e, de certa forma você não queira ser visto com ele.
Quando surgiram essas crenças?
Se essas frases são comuns para você é porque elas foram ditas e repetidas, em algum momento, ao longo da sua vida e de tanto se repetirem, você passou a acreditar nelas.
Elas foram surgindo na sua vida ainda na infância, vieram inicialmente dos seus pais ou daqueles que fizeram esse papel.
A escola, os amigos, as experiências que você teve ao longo da vida moldaram seus valores e as suas verdades sobre o dinheiro.
Reflita comigo, quando alguém pergunta se você tem dinheiro, qual é a sua resposta natural?
É comum para a maioria das pessoas responder de forma negativa, e pode ser de fato uma verdade, você pode não ter mesmo dinheiro, mas mesmo quando você tem a tendência é dá a mesma resposta.
E por que isso ocorre?
Porque para você, ter dinheiro não é algo positivo, você e o dinheiro é uma associação negativa ou até mesmo perigosa e, reforçando, isso ocorre muitas vezes de forma inconsciente.
Etapas para a mudança do seu relacionamento com o dinheiro
Existem várias estratégias que podem lhe ajudar a mudar o seu relacionamento com o dinheiro, caso você queira.
Eu vou apresentar aqui duas delas, preste bastante atenção, são dois passos bem simples, porém desafiadores.
Entendendo o primeiro passo
É importante que antes de você começar a praticar esses passos você busque uma ferramenta para fazer o seu planejamento financeiro, um aplicativo ou uma planilha.
O primeiro passo é aumentar a sua intimidade com o dinheiro, e para isso ocorrer é preciso que você tenha contato com o seu dinheiro.
Inicialmente pode até parecer algo sem sentido, mas a maior parte das pessoas não tem contato com o dinheiro.
Vamos lá, pegue agora a sua carteira e veja quanto tem de dinheiro dentro dela.
Se tiver algum dinheiro veja como ele está organizado, isso refletirá o tratamento que você dá para o seu dinheiro.
Se a sua carteira está vazia, reflita sobre a causa disso, é por que você não gosta de andar com dinheiro? Ou será que o motivo é o medo de perder ou ser roubado?
Há pessoas que evitam andar com dinheiro para não gastar, é esse o seu caso? Ou será que, de fato, você não tem mesmo dinheiro?
Qualquer que seja a resposta, o fato é que se você não tiver contato com o dinheiro não terá como ter intimidade com ele.
Não há a menor possibilidade de você ter intimidade com algo que você não tem contato, que você não conhece.
E se você não tem contato, não conhece, o assunto dinheiro não será natural para você, por isso ele pode ser desconfortável e você preferirá evitá-lo.
Aplicando o primeiro passo
Sempre que você receber sua remuneração separe um percentual para se pagar, tenha como referência um valor até 5% da sua remuneração.
Se pague primeiro, você merece, você trabalhou, se esforçou, é esse dinheiro que deve ir para sua carteira, para você usar da forma que quiser.
É importante pegar no dinheiro físico, tê-lo em suas mãos, sentir a textura das cédulas, esse processo fará com que o contato com o dinheiro seja algo natural para você.
Se a sua condição financeira não permite que você utilize 5% para se pagar, defina um valor menor, mas separe uma parte para essa finalidade.
Essa proximidade com o dinheiro físico lhe dará a sensação de que você sempre tem dinheiro, sempre que precisar o dinheiro estará à mão.
Você perceberá que o dinheiro não é tão ruim, começará a surgir uma amizade entre vocês e você terá mais intimidade com o dinheiro.
Atenção! No início desse processo você tentará de todas as formas se autossabotar e encontrará muitas desculpas para interromper esse processo.
É preciso ter muita firmeza força de vontade para seguir em frente, mas é perfeitamente possível se você realmente quiser.
Só avance para o segundo passo quando conseguir aplicar o primeiro passo, esteja bastante atento e seja firme.
Se você não conseguir concluir esse passo, não precisa nem ir para o passo seguinte, porque ele não irá funcionar adequadamente.
Segundo passo
O segundo passo para a sua mudança de programação financeira, é separar uma parte do seu rendimento para doação, para ajudar a quem precisa, tenha como referência 10% da sua renda para essa finalidade.
Se você é uma pessoa religiosa, faça o Dízimo para sua Igreja, ajude uma instituição de caridade ou diretamente alguma família, mas faça isso.
E chamo atenção para a forma de doação, não pode ser cestas básicas ou outros itens, você precisa doar o dinheiro, e se puder, pegue o dinheiro em espécie em suas mãos antes e em seguida faça a doação.
Não estou dizendo que você não deva doar cestas básicas ou o que mais alguém possa precisar, mas esses itens devem ser complementares, é importante fazê-los também.
Doe para quem você realmente acredita que esteja precisando e fará um bom uso desse dinheiro, sejam pessoas ou instituições.
Se você não consegue confiar em ninguém ou acha que não tem o suficiente, e usa essas desculpas para não fazer a doação em dinheiro, isso dignifica que o grau de apego que você tem ao dinheiro é excessivo.
E esse apego excessivo, que pode ser inconsciente, é gerado pelo medo de ficar sem o dinheiro.
Enquanto você pensar dessa forma o dinheiro não será natural para você, o medo comandará a sua relação com o dinheiro, não alimente esse sentimento.
A importância do segundo passo
Essa ação é tão importante quanto a primeira, ela lhe ajudará a não ter apego excessivo ao dinheiro, não se tornando uma pessoa avarenta.
Miseráveis é como são chamadas essas pessoas, e deve ser isso mesmo, pois mesmo não sabendo estão na miséria.
A única coisa que elas têm verdadeiramente em suas vidas é o dinheiro, que muito provavelmente, perderão mais dia menos dia.
O dinheiro é muito importante para todas as áreas da vida, pois todas dependem do dinheiro, porém o dinheiro não pode ser considerado uma finalidade.
O Dinheiro é um meio para você conquistar seus objetivos, sejam eles quais forem, é indispensável que esses objetivos sejam congruentes com os seus valores.
Ganhos com o segundo passo
O ato de doar, reforça em você a certeza de que, por mais importante que o dinheiro seja, não faz sentido tê-lo e não fazer bom uso dele.
Você não pode crescer financeiramente, de forma saudável, enquanto tantas pessoas não têm o básico para sobreviver, e achar que isso é normal, ou que não é problema seu.
Quanto mais você crescer financeiramente, mais aumenta a sua responsabilidade para com o próximo, mais você poderá fazer a diferença no crescimento do próximo, mais vidas poderão ser impactadas por você.
E quanto mais você ajudar o próximo a também crescer financeiramente, mais você crescerá e esse crescimento será sempre saudável e sustentável, porque a base dele será os valores que você tem e não o dinheiro que você possui.
Com a retenção do dinheiro o fluxo natural dele em sua vida seja quebrado, quando isso ocorre o dinheiro para de fluir para você.
Não tenha medo de doar, lembre-se que você só pode doar aquilo que você possui, quanto mais você doar mais forte será a certeza de que você tem dinheiro suficiente para você, para os seus e para ajudar o próximo.
Conclusão
Não tenha medo do dinheiro, de possuí-lo ou de perdê-lo, quanto mais dinheiro você tiver, permitindo que ele flua naturalmente em sua vida, mais benefícios você terá.
Enquanto você estiver nesse mundo material, você poderá usufruir, dos benefícios que o dinheiro proporcionará a você e à sua família.
E se ao longo da sua caminhada houver um revés e você perder todo o seu dinheiro, isso não será um problema para você.
Porque você terá construído uma base sólida que não se desfaz com a ausência do dinheiro e é essa base que lhe permitirá a recuperação do meio para você seguir em frente, crescendo e contribuindo para o crescimento de todos aqueles que estiverem ao seu redor.
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2 Comentários
Nossa, conteúdo maravilhoso, esclareceu muita coisa aqui dentro.
UAAALL!!!
Linguagem fácil de entender. Muito reflexivo. Fácil de colocar em prática. E que virada de chave. Ual!
Parabéns e obrigada.